O
DESENVOLVIMENTO DO CETICISMO ACADÊMICO COM CARNÉADES
A academia moveu-se lentamente ao
longo do caminho que foi aberto por Arcesilau, até que Carnéades deu um
impulso.
Não existe critério algum de
verdade em um todo segundo Carnéades.
Ele se opôs a todos os filósofos
que o procederam no que concede ao critério de verdade.
Segundo ele não existe nenhum
critério de verdade: nem o pensamento, nem a sensação, nem a representação, nem
qualquer das coisas que existem; todas as coisas nos enganam.
Desaparece qualquer possibilidade
de critério de verdade pela falta de um critério geral e absoluto de verdade.
Carnéades tenta resolver o
problema da vida e assim ele tenta resumir sua doutrina do provável.
A – Dependendo do sujeito a
representação, em relação ao objeto “é” verdadeira ou falsa. A verdade objetiva
foge do homem, só resta ater-se ao critério daquilo que parece verdadeiro – e é
provável.
B – As representações estão
sempre conjugadas e coligadas entre si, um gral mais elevado de credibilidade
oferece a representação que se faz acompanhar de outras que são conexas, de tal
maneira que não seja contradita por nenhuma destas.
Então, temos a representação
“persuasiva e não contradita” que possui, obviamente, um grau maior de probabilidade.
C – A representação “persuasiva
não contraditória e examinada por todos os ângulos” quando, quando as
características das duas precedentes, acrescenta-se, além disso, a garantia de
um exame metódico completo de todas as representações conexas. E aqui temos um
grau ainda maior de probabilidade.
Quando for preciso ter que
decidir com urgência, deve-se contentar com a primeira representação; se
tivermos mais tempo, procuraremos à segunda; e por fim se tiver à disposição em
todo o tempo para proceder ao exame completo, a terceira.
Segundo o seu raciocínio, se não
houver representação abrangente, tudo é incompreensível (acatalético) e a
consequente posição a assumir são duas, a epoché, a superação do assentimento e
do juízo ou a segunda, que é o sentimento dado àquilo que é ainda objetivamente
incompreensível.
Se, teoricamente, a primeira
posição é a correta, ao contrário, é a segunda que praticamente nós, como
homens, somos obrigados a abraçar para viver.
O agir não deve se fundar num
quimérico critério absoluto da verdade, mas no critério da probabilidade, que
não é um critério objetivo, mas subjetivo e de qualquer forma, é o único do
qual o homem dispõe.
A
REVIRAVOLTA ECLÉTICA DA ACADÊMICA COM FÍLON DE LARISSA
A partir do século II a.C. se
tornou forte, foi no século I a.C. que se tornou dominante, mais tarde a
tendência ao ecletismo que significa escolher e reunir, tomando posse de várias
partes, visava reunir e fundir o melhor, que assim eles
consideravam como melhor, das várias escolas.
As causas não varias que produzem
o ecletismo: algumas delas são;
·
A exaustão
da vitalidade das escolas singulares
·
A
polarização unilateral de sua problemática
·
A erosão de
muitas barreiras teóricas operadas pelo ceticismo
·
O difundido
probabilismo da Academia
·
A influencia
do espírito prático romano
·
A
valorização do senso comum
Todas as escolas foram
contagiadas.
A total disponibilidade para a
instância eclética deu-se com a Academia que, mais uma vez, inverteu a rota,
repudiando o ceticismo radical.
Arcesilau renunciou à fidelidade
ao próprio patrimônio espiritual e ao seu passado, assim não tendo nada a
conservar em razão de sai existência.
Foi introduzido oficialmente por
Cícero na Academia: ele dizia isto;
O critério de verdade estóico não
rege; e, posto que não rege o critério estóico, que é o mais refinado, não rege
nenhum critério; isto não implica, todavia, que as coisas sejam “objetivamente
incompreensíveis”; elas são, simplesmente, “incompreendidas por nós”.
Fílon se coloca fora do Ceticismo
a partir dessa afirmação.
Dizer que as coisas são
compreensíveis quanto sua natureza quer dizer que faz uma afirmação cuja
pretensa intencionalidade ontológica é dogmática, segundo os cânones céticos.
Significa admitir uma verdade
ontológica, mesmo negando a possibilidade do seu correspondente lógico e
gnosiológico.
O cético não pode afirmar que a
verdade existe, ele é que não a conhece:
·
Não sei se a
verdade existe; sou eu, em todo caso, quem não a conhece
Carnéades disse:
A – existem representações falsas (que,
assim, não dão lugar a nenhuma certeza)
B – não existem representações verdadeiras
que se distingam perfeitamente das falsas por seu caráter específico (e, em
consequência, não se pode distinguir com nitidez as representações certas das
não certas)
Antíoco objetou o seguinte:
A primeira proposição (que admite com nitidez
a possibilidade de distinguir representações falsas) contradiz a segunda (que
diz o contrário) e vice-versa;
·
Logo, se se aceita a primeira, exclui-se a segunda
·
Se se aceita a segunda, exclui a primeira;
·
Em todo o modo, fica abalada a base da posição carneadiana
Fílon responde;
Não é necessário suprimir totalmente a
verdade, mas é necessário admitir a distinção entre verdadeiro e falso;
todavia, não temos um critério que nos leve a esta verdade e, assim, à certeza,
mas temos somente aparências, que conduzem à probabilidade.
Não se chegou à percepção a cerca da verdade
objetiva, mas se chegou perto com evidência do provável.
Assim, nasce um novo conceito do provável, e
não é o irônico-dialético.
A admissão da existência da verdade dá uma
intencionalidade ontológica ao provável que, em consequência, se torna aquilo
que, para nós esta no lugar do verdadeiro e se distingue do não-provável,
enquanto chega perto do verdadeiro.
Carnéades nega as duas proposições estóicas;
A – o verdadeiro existe
B – existe um critério para colher o verdadeiro
Fílon nega apenas a segunda-feira
Mas a admissão da primeira muda o sentido da
negação da segunda e, principalmente modifica a valência do provável que, posto
ao lado de uma verdade objetiva, se torna seu reflexo positivo
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