Livro VII. A república de Platão
|
A ascensão da Alma
|
·
Imagina a nossa natureza, relativamente à
educação ou à sua falta, de acordo com a seguinte experiência, suponhamos uns
homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta
para a luz, que se estende a todo o comprimento sessa gruta. Pg210-N514
·
Veja também ao longo deste muro homens que
transportam toda a espécie de objetos, que o ultrapassam. Pg210-N515
·
De qualquer modo, pessoas nessas condições
não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objetos. Pg211-N515
·
Se alguém o forçasse a olhar para a própria
luz, doer-lhe-iam os olhos e voltar-se-ia, para buscar refúgio junto dos
objetos para os quais podia olhar, e julgaria ainda que estes eram na verdade
mais nítido do que os que lhe mostravam. Pg211-N515
·
Finalmente. Julgo eu, seria capaz de olhar
para o Sol e de contemplar, não á a sua imagem na água ou em qualquer outra
parte, mas a ele mesmo, no seu lugar. Pg211-N516
·
Temos então de pensar o seguinte sobre esta
matéria, se é verdade o que dissemos: a educação não é o que alguns apregoam
que ela é. Pg213-N518
·
A educação seria, por conseguinte, arte
desse desejo, a maneira mais fácil e mais eficaz de fazer dar a volta a esse
órgão, não a de o fazer obter a visão, pois já a tem, uma vez que ele não
está na posição correta e não olha para onde deve, dar-lhe os meios para
isso. Pg214-N518
·
Se descobrires uma vida melhor do governa,
para os que devem governar, podes conseguir um Estado bem administrativo.
Pg216-N521
·
A verdade é que convém que vão para o poder
aqueles que não estão enamorados dele; caso contrário, os rivais estrarão em
combate. Pg216-N521
·
É preciso por tanto, que esta ciência junte
a seguinte qualidade àquela que procuramos. Qual? Pg217-N521
·
A de não ser inútil a guerreiros.
Pg217-N521
·
Aquela modesta ciência que distingue o um
do dois e do três. Refiro-me, em resumo, à ciência dos números e do cálculo.
É ela de tal modo que toda a arte e ciência é forçada a ter parte nela.
Pg218-N522
·
E pode muito bem ser uma daquelas ciências
que procuramos, e que conduzem naturalmente à inteligência, mas de que
ninguém se serve corretamente, apesar de ela nos elevar perfeitamente até ao
Ser. Pg219-N523
·
A alma de maior parte das pessoas não é
forçada a perguntar ao entendimento a coisa é um dedo, porquanto em nenhuma
ocasião a vista lhe indicou ao mesmo tempo que um dedo fosse algo de
diferente de um dedo. Pg220-N523
·
Seria, portanto, conveniente, caro Glauco,
que se determinasse por lei este aprendizado e que se convencessem os
cidadãos, que hão de participar dos postos governativos, a dedicarem-se ao
cálculo e a aplicarem-se a ele. Pg222-N525
·
Não seria fácil encontrar muitas ciências
que proporcionam maior esforço na sua aprendizagem e na sua prática.
Pg223-N526
·
Se aplica às questões de guerra, é evidente
que nos convém. Pg223-N526
·
Se tem em vista o conhecimento do que
existe sempre, e não do que a certa altura se gera ou se destrói. Pg224-N527
·
Portanto, meu caro, serviria para atrair a
alma para a verdade e produzir o pensamento filosófico, que leva a começar a
voltar o espírito para as alturas e não para baixo, como agora fazemos, sem
dever. Pg224-N527
·
É de uma generosa audácia, me parece, a tua
maneira de abordar o estudo das coisas celestes. Pg226-N529
·
Devemos servir-nos, portanto, dos
ornamentos celestes, como exemplo, para o estudo das coisas invencíveis, tal
como se alguém encontrasse desenhos feitos por Dédalo ou qualquer outro
artista ou pintos, delineados e elaborados a forma excepcional. Pg227-N529
·
Que não tentem jamais que os nossos
educadores aprendam qualquer estudo imperfeito e que não vá dar ao ponto onde
tudo deve dar, como dizíamos há pouco a propósito da astronomia. Pg228-N530
·
O método da dialética é o único que
procede, por meio da destruição das hipóteses, a caminho do autêntico
princípio, a fim de tornar seguros os seus resultados, e que realmente
arrasta aos poucos os olhos da alma da espécie de lado bárbaro em que está
atolada e eleva-os às alturas. Pg230/231-N533
·
De toda a maneira, quero que penses que
devem ser essas naturezas que têm de se escolher, devem preferir-se os mais
firmes e corajosos e, até onde for possível, os mais formosos; além disso,
devem procurar-se não só os de caráter nobre e másculo, mas também as
características naturais condizentes como o nosso esquema de educação.
Pg232-N353
·
Se formos buscar homens de boa constituição
física e intelectual, para os educadores nestes estudos e treinos, a própria
justiça não terá nada a censurar-nos, e salvaremos a cidade e a constituição.
Pg233-N536
·
Desde criança que devem aplicar-se à
ciência do cálculo, da geometria e a todos os estudos que hão de preceder o
da dialética, fazendo que não sigam contrafeitos este plano de aprendizado.
Pg234-N536
·
A melhor prova para saber se uma natureza é
dialética ou não, porque quem for capaz de ter uma vista de conjunto é
dialético; quem o não for, não é. Pg234/235-N537
·
Depois de terem refutado muita gente, e,
por sua vez, terem sido refutados por vários, caem rapidamente e em toda a
força na situação de não acreditarem nada do que dantes acreditavam.
Pg237-N539
·
Ao passo que quem é mais velho não quererá
participar desta loucura, imitará o que quer discutir para indagar da
verdade, de preferência àquela que se entretém a contradizer, pelo gosto de
se divertir; ele mesmo será mais comedido e tornará a sua atividade mais
honrada, em vez de mais desconsiderada. Pg237-N539
·
Todos aqueles que tenham ultrapassado os
dez anos, nas cidade, a esses mandá-los-ão todos para os campos; tomarão
conta dos filhos deles, levando-os para longe dos costumes atuais, que os
pais também têm, criá-los-ão segundo a sua maneira se ser e as suas leis, que
são as que já analisamos. Pg238-N541
·
Não será já bastante a nossa discussão
acerca desta cidade e do homem semelhante a ela? Pois também é evidente de
que maneira determinaremos que seja. Pg238-N541
·
É evidente. E, conforme a tua pergunta,
parece-me que atingimos o termo da discussão. Pg238-N541
|
1. A Ideia do Bem;
2. Educação dos filósofos;
3. Efeitos da ‘transcendência divinal’ na ordenação da alma;
4. A alegoria da Caverna.
Comentários
Postar um comentário