Fichamento da República de Platão - Livro 9

Livro IX. A república de Platão
O homem injusto não pode ser feliz
·         É necessário, ainda, analisar o homem tirânico, como se transforma a partir do democrata, e, uma vez originado, qual é o seu caráter, e o que espécie de vida leva, se desgraçada ou feliz. Pg260-N571
·         Existe em cada um de nós uma espécie de desejos terrível, selvagem e sem leis mesmo nos poucos de entre nós que parecem ser comedidos. É nos sonhos que o fato se torna evidente. Vê lá tu se estou a dizer bem, e se concordas. Pg270-N572
·         O homem furioso e perturbado não só tenta mandar nos homens, como nos deuses também, e imagina ser capaz disso. Pg271-N573
·         Roubam, assaltam casa, vão às carteiras, tiram a roupa, saqueiam os templos, vendem como escravos pessoas livres; há os que são delatores, quanto têm capacidade de falar, que são falsas testemunhas que e aceitam subornos. Pg273-N575
·         Atravessam toda a sua vida sem serem amigos ninguém, sempre com déspotas ou como escravos de outrem, sem que a natureza do tirano possa jamais provocar a verdadeira liberdade e amizade. Pg274-N576
·         O que seja o maior celerado: é o que se comporta, acordado, com aquele que analisamos em sonho. Pg274-N576
·         A alma tiranizada não fará de modo algum o que quer; refiro-me à alma na sua totalidade; mas, arrastada sempre à forma por um desejo furioso, estará cheia de perturbações e de remorsos. Pg276-N577
·         Logo, também uma alma tirânica é sempre, consequentemente, pobre e por saciar. Pg276-N578
·         Toda a cidade vem em socorro de cada um dos particulares. Pg277-N578
·         Na verdade, e ainda que assim não pareça, a alguns, o tirano autêntico é um autêntico escravo, e de uma adulação e servilismo extremo, lisonjeador dos piores; incapaz de satisfazer de algum modo os seus desejos, mostrar-se muito carecido de quase tudo e pobre de verdade, se alguém souber contemplar a sua alma inteira, toda a vida cheia de medo, carregado de dores convulsivas se, na realidade, a sua disposição é semelhante à da cidade na qual manda. Pg278-N579
·         Uma vez que, tal como a cidade está dividida em três corpos, também a alma de cada um tem três partes, poderá admitir-se, parece-me, outra demonstração. Pg279-N580
·         São também três as principais espécies de homens, o filósofo, o ambicioso, o interesseiro. Pg280-N581
·         O interesseiro afirmará que, em contemplação com o lucro, o prazer das honrarias ou do saber nada vale, se daí não extrair dinheiro. Pg280-N581
·         Se o melhor índice para julgar fosse a riqueza e o ganho, aquilo que o interesseiro elogiasse seria por força a verdade absoluta. Pg282-N582
·         É forçoso que aquilo que elogiar quem for amigo da sabedoria e amigo do raciocínio seja a verdade absoluta. Pg282-N582
·         Esse estado de repouso não é, por conseguinte, um prazer, mas assim parece, se o comparamos com a dor; e uma dor, se o comparamos com o prazer; e nada há saudável nessas visões, pelo que toca à autenticidade do prazer, mas é tudo uma impostura. Pg283-N584
·         Aqueles a que chamam prazeres, que atingem a alma através do corpo e que são talvez os mais numerosos e os maiores, são dessas qualidades: uma espécie de libertação da dor. Pg284-N584
·         É doce encher-se de coisas convenientes à natureza, aquilo que se enche mais realmente e de coisas mais reais, goza mais realmente e de coisas mais reais, ao passo que o que participa de coisas menos reais e se enche de uma maneira menos verdadeira e menos sólida, e é dotada de um prazer menos seguro e menos verdadeiro. Pg286-N585
·         O mais afastado do prazer e próprio do homem será, creio eu, o tirano; e o menos , o rei. Pg287-N587
·         Existem, ao que parece, três prazeres, um legítimo e dois bastardos. O tirano ultrapassou o limite dos bastardos, fugindo à lei e à razão, e o coabitando como o seu séquito de prazeres servis, sem que seja mais fácil dizer a que ponto ele é inferior, a não ser, talvez, da maneira seguinte. Pg 287/288-N587
·         A contar de oligarca, o tirano ocupa o terceiro lugar, uma vez que no meio deles havia o democrático. Pg288-N587
·         Devemos convencê-lo de maneira suave, pois o seu erro não é voluntário. Pg290-N589
·         Também a lei demonstra ser esse mesmo o seu desejo, aliada, como é de todos os que vivem na cidade. E bem assim a maneira de mandar nas crianças, não as deixando em liberdade, até termos organização na sua alma, como na cidade, uma constituição, e, depois de termos cultivado o que elas têm de melhor, pelo que temos de equivalente. Pg291-N590
·         A boa forma e sustento do seu corpo, não a orientará para prazeres animalescos e irracionais, nem viverá inclinado a isso, mas nem sequer atenderá à saúde, nem dará importância a ser forte, saudável e formoso, se com isso não adquirir também a temperança, mas em todo o tempo se verá que ele compõe a harmonia do seu corpo com vista a acertar o acordo da sua alma. Pg291-N591
·         Mas talvez haja um modelo no céu, para quem quiser contemplá-la e, contemplando-a, fundar uma para si mesmo. De resto, nada importa que a cidade exista em qualquer lugar, ou venha a existir, porquanto é pelas suas normas, e pelas de mais nenhuma outra, que ele pautará o seu comportamento. Pg292-N592
1. O declínio da ordem e a patologia da alma humana;
2. As diversas constituições da cidade e da alma humana: timocracia, oligarquia, democracia, tirania;
3. O Eros filosófico e o Erostirânico.

4. Resposta: Justiça melhor que corrupção.

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