Linguística Textual

O conceito de textualidade, desde o inicio da Linguística Textual (LT) tem sido entendido como o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma sequencia de frases.
O conceito de textualidade, levando em conta contribuições advindas de lugares diferentes, como a Análise do Discurso, as teorias da enunciação, a Pragmática, a Análise da Conversação, o são estudos sobre língua falada, que nos convidam a incluir no campo de nossas reflexões fenômenos antes não considerados como propriamente linguísticos.
A linguística Textual tem três perspectivas. A primeira vertente e caracterizada pela análise “transfrástica”.
Isenberg explica a possibilidade de se articularem as sentenças da sequencia. Aplica-se o conceito chomskyano de competência linguística para o de competência textual, capacidade que habilitaria os falantes a produzir, interpretar e reconhecer textos coerentes, a resumir e parafrasear textos, a perceber os limites e a completude ou incompletude de um texto, a atribuir título a um texto, identificando seu tópico central, bem como a produzir textos a partir de um título ou tema dado.
O texto é pensado não como a sequencia ou a soma dos significados localizados, mas como um todo estruturado, cuja significação, cuja coerência, se faz no plano global.
Segundo Conte, a tendência do dominante é construir teorias de texto em que os aspectos pragmáticos assumem status privilegiado. A textualidade inclui tanto o aspecto linguístico quanto o aspecto social.
No panorama construído por Conte, vê se a alternância do foco de interesse nos estudos da LT: dos componentes sintáticos do texto, relativos a sua coesão, para a estruturação semântica, constituição da coerência, na segunda vertente,  e para o funcionamento sociocomunicativo e pragmático.
Um texto sem coesão seria um não-texto.
Marcushi afirma que embora seja um princípio constitutivo do texto, a coesão não é nem suficiente nem necessária para a textualidade.
Os sete princípios da textualidade define e criam o comportamento identificável como comunicação textual – coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intextualidade – e três princípios reguladores que controlam a comunicação textual é a eficiência, e eficácia e adequação.
Uma comunicação eficiente depende da interação entre este e os outros fatores de textualidade.
A coerência é resultado de processos cognitivos entre os usuários do texto, ela é construída por operações de inferência; um texto não tem sentido em si mesmo, mas faz sentido pela interpretação entre os conhecimentos que apresenta e o conhecimento de mundo de seus usuários.
A intencionalidade e a aceitabilidade são definidos como concernentes às suas atitudes, objetivos e expectativas do produtor e do recebedor, respectivamente. Nesse processo de mão dupla, o produtor conta com a tolerância e o trabalho de inferência do recebedor na construção do sentido do texto.
Dressler ressalta que essas ações discursivas não se prendem só às evidências perceptíveis, mas sobretudo às perspectivas, crenças, planos e metas dos usuários.
A intertextualidade se coloca como condição prévia e recepção de determinados tipos de texto, como os resumos, as paráfrases, as resenhas críticas. No entanto, segundo os autores, ela não se restringiria a esse caso, porto que constitui um fator decisivo no processamento de qualquer texto.
A intertextualidade em Beaugrande constitui um conceito importante para a compreensão do processamento dos textos pelos falantes, mas deixa escapar aspectos da existência social dos discursos, enfatizados.
Os sete padrões de textualidade são entendidos pelos autores como princípios constitutivos da comunicação textual que funcionam integralmente com três princípios regulares – a eficiência, a eficácia e a adequação. A eficiência de um texto diz respeito à sua capacidade de comunicar como o mínimo de esforço tanto do produto quanto do recebedor; a eficiência está ligada a sua capacidade de “impressionar” o recebedor e criar condições favoráveis para a consecução do objetivo do produtor; a adequação tem a ver com a pertinência e relevância do arranjo que constitui sua textualidade com relação ao contexto em que ele ocorre.
A importância deste artigo esta na tentativa do autor de explicar o sistema implícito de regras de coerência com o qual operamos na produção, interpretação e avaliação de textos.
Charolles aponta a impossibilidade efetiva e, portanto, a impropriedade teórica, de se separar o semântico do pragmático, o importante do situacional, o que não vale a pena distinguir coesão e coerência. A coerência e o sentido do texto são dependentes da situação, o texto não é nem deixa de ser coerente em si mesmo, mas é coerente ou não para alguém em determinada situação.
Coerência e o sentido do texto, são processados na situação de interlocução, se justifica porque considero essa ideia fundamental para o ensino, sobretudo para o ensino de leitura e redação, como se verá adiante.
Charolles vai formular suas quatro meta-regas de coerência.
A primeira meta-regra, chamada meta-regra de repetição: para que um texto seja coerente, é preciso que contenha, no seu desenvolvimento líneas, elementos de recorrência escrita.
Condição de coerência como meta-regra de comunidade.
A segunda meta-regra proposta diz respeito à progressão, que seria o outro lado da moeda da repetição e continuidade: para que um texto seja microestruturalmente ou macroestruturalmente coerente, é preciso que haja no seu desenvolvimento uma contribuição semântica constantemente renovada.
Se o texto precisa manter a unidade temática, precisa também se desenvolver, mostrando que tem alguma coisa a dizer.
A terceira meta-regra se refere à não-contradição: para que um texto seja microestruturalmente e macroestruturalmente coerente, é preciso que no seu desenvolvimento não se introduza nenhum elemento semântico que contradiga um conteúdo posto ou pressuposto por uma ocorrência, ou deduzível desta por inferência.
Diz respeito à lógica interna do texto, explicitando a expectativa comum e normal de que o texto não se contradiga negando o que afirmou ou afirmando o que negou.
A exigência de verossimilhança e consistência argumentativa é flexível, não é absoluta nem definida a priori, mas construída a partir do tipo e do gênero textual. Na literatura, na novela de TV, por exemplo, autor e interlocutor se cumprimentam de um pacto ficcional que relativizam as expectativas de veracidade e coerência em função das particularidades do texto em foco.
À ultima meta-regra chama de relação: para que uma sequencia ou um texto sejam coerentes, é preciso que os fatos que denotam no mundo representado sejam diretamente relacionados.

Se refere às relações entre o que é considerado fato no mundo representado no texto: não só os fatos apresentados mas também as relações expressas ou sugeridas entre elas precisam se mostrar não-contraditórios entre si e compatíveis com o mundo textual.
Um poema lírico tenderá a apresentar marcas da inter-relação de seus componentes diferentes das que costumam aparecer num livro editorial jornalístico: a rima a métrica, a disposição gráfica do texto no papel também são indicadores das relações pretendidas pelo autor.
A expectativa geral dos falantes é que um texto se desenvolva e “chegue a algum lugar” mantendo certa unidade temática e apresentando ideias que se inter-relacionam sem se contradizer.

A sequência de sons que nós realmente ouvimos ou lemos é como a ponta de um iceberg – uma pequena porção de matéria e da energia dentro da qual uma enorme quantidade de informação foi “condensada” por um falante ou escritor e está pronta para ser “ampliada” por um ouvinte ou leitor.

Comentários