Joaquim Maria Machado de
Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de
1908) foi um escritor brasileiro, amplamente considerado como o maior nome da
literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários,
sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista,
jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando
a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos
eventos político-sociais de sua época.
Sua extensa obra
constitui-se de nove romances e peças teatrais, duzentos contos, cinco
coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. Machado de Assis
é considerado o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias
Póstumas de Brás Cubas (1881). Este romance é posto ao lado de todas suas
produções posteriores, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de
Aires, ortodoxamente conhecidas como pertencentes a sua segunda fase, em que se
notam traços de pessimismo e ironia, embora não haja rompimento de resíduos
românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as da
Trilogia Realista. Sua primeira fase literária é constituída de obras como Ressurreição,
A Mão e a Luva, Helena e Iaiá Garcia, onde notam-se características herdadas do
Romantismo, ou "convencionalismo", como prefere a crítica moderna.
Sua obra foi de fundamental
importância para as escolas literárias brasileiras do século XIX e do século XX
e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público.
Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima Barreto, Drummond
de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e outros. Em seu tempo de vida,
alcançou relativa fama e prestígio pelo Brasil, contudo não desfrutou de
popularidade exterior na época. Hoje em dia, por sua inovação e audácia em
temas precoces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção
sem precedentes, de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado
diversos críticos, estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis
é considerado um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de
autores como Dante, Shakespeare e Camões.
Muitos o consideram um
grande predecessor: não bastasse ter introduzido o "realismo" na
literatura nacional, certos críticos, como Roberto Schwarz, dizem que ele diz
"coisas que Freud diria 25 anos depois". Em Esaú e Jacó, por exemplo,
teria antecipado o conceito freudiano de 'complexo de Édipo’". Em Dom
Casmurro, teria escrito coisas, principalmente em relação à correlação entre
sonho e vigília, que antecipariam a Interpretação dos Sonhos, publicado no
mesmo ano que este livro. Críticos estrangeiros referem-se que ele também
precedeu, com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e "O Espelho"
(1882), as ficções fantásticas do realismo mágico de escritores como Jorge Luis
Borges e Julio Cortázar, e também o Modernismo, através de intromissões no
enredo dos romances e pela opção de capítulos curtos. Enfim, como escreve
Antonio Candido, embora tenha escrito e vivido mais no século XIX, podemos
encontrar na ficção machadiana "disfarçados por curiosos traços
arcaizantes, alguns dos temas que seriam característicos da ficção do século
XX."
Além disso tudo, a obra
machadiana é de fundamental importância para a análise das transições políticas
no Brasil e da sociedade do Rio de Janeiro do século XIX e século XX, desde sua
moda, transportes, arquiteturas e agitações financeiras. Sua obra—não só
romances mas também as crônicas—exerce um papel importante para o conhecimento
do Segundo Reinado no Brasil e inícios da República. Do ponto de vista
universal, sua genialidade é vista como resultado de consistentes razões por
demonstrar que seu trabalho, elogiado como é, não encontrou precedentes e,
mesmo depois de mais de um século de intensa produção artística no Brasil, são
obras citadas como das mais relevantes e mais geniais da classe literária do
país.285 Além disso, segundo escrevem Benedito Antunes e Sérgio Vicente Motta,
"[...] há um
universalismo que Machado legou à nossa literatura e uma projeção de nossa
literatura à esfera internacional, ao construir uma arte ao mesmo tempo
brasileira e universal. Portanto, a invenção machadiana já pressupunha
'caminhos cruzados'."
MÁRIO
RAUL DE MORAIS ANDRADE
Mário Raul de Morais Andrade
(São Paulo, 9 de outubro de 1893 — São Paulo, 25 de fevereiro de 1945) foi um
poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta
brasileiro. Ele foi um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a
publicação de seu livro Paulicéia Desvairada em 1922. Andrade exerceu uma
grande influência na literatura moderna brasileira e, como ensaísta e estudioso
— foi um pioneiro do campo da etnomusicologia — sua influência transcendeu as
fronteiras do Brasil.
Depois de trabalhar como
professor de música e colunista de jornal ele publicou seu maior romance,
Macunaíma, em 1928. Andrade continuou a publicar obras sobre música popular
brasileira, poesia e outros temas de forma desigual, sendo interrompido várias
vezes devido a seu relacionamento instável com o governo brasileiro. No fim de
sua vida, se tornou o diretor-fundador do Departamento Municipal de Cultura de
São Paulo formalizando o papel que ele havia desempenhado durante muito tempo
como catalisador da modernidade artística na cidade—e no país.
Andrade morreu em sua
residência em São Paulo devido a um enfarte do miocárdio, em 25 de fevereiro de
1945, quando tinha 51 anos. Dadas as suas divergências com o regime, não houve qualquer
reação oficial significativa antes de sua morte. Dez anos mais tarde, porém,
quando foram publicados em 1955, Poesias completas, quando já havia falecido
Vargas, começou a consagração de Andrade como um dos principais valores
culturais no Brasil. Em 1960 foi dado o seu nome à Biblioteca Municipal de São
Paulo.
Obras publicadas
Não há uma Gota de Sangue em
Cada Poema, 1917
Pauliceia Desvairada, 1922
A Escrava que não É Isaura,
1925
Losango Cáqui, 1926
Primeiro Andar, 1926
O clã do Jabuti, 1927
Amar, Verbo Intransitivo,
1927
Ensaios Sobra a Música
Brasileira, 1928
Macunaíma, 1928
Compêndio Da História Da
Música, 1929 (Reescrito Como Pequena História Da Música Brasileira, 1942)
Modinhas Imperiais, 1930
Remate De Males, 1930
Música, Doce Música, 1933
Belasarte, 1934
O Aleijadinho de Álvares De
Azevedo, 1935
Lasar Segall, 1935
Música do Brasil, 1941
Poesias, 1941
O Movimento Modernista, 1942
O Baile das Quatro Artes,
1943
Os Filhos da Candinha, 1943
Aspectos da Literatura
Brasileira 1943
O Empalhador de Passarinhos,
1944
Lira Paulistana, 1945
O Carro da Miséria, 1947
Contos Novos, 1947
O Banquete, 1978 (Editado
por Jorge Coli)
Dicionário Musical
Brasileiro, 1989 (editado por Flávia Toni)
Será o Benedito!, 1992
Introdução à estética
musical, 1995 (editado por Flávia Toni)
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