O
existencialismo foi um grande promotor de críticas, algumas até positivas, mas,
outras negativas, principalmente pelos cristãos, comunistas e marxistas.
As primeiras
críticas ao existencialismo foram de levar as pessoas, ou de as estimular a um
quietismo, assim, levando as pessoas a uma filosofia contemplativa, fazendo-se
uma contemplação do luxo, levando a uma filosofia burguesa. Essas são as
críticas do comunismo. Foi acusado também de acentuar a ignomínia[1] humana e negar a
solidariedade e o lado luminoso da natureza humana, que é a crítica marxista.
Nas
críticas cristãs, acusam de negar a realidade e a seriedade dos empreendimentos
humanos, já que quando se supre os mandamentos de Deus e os valores inscritos
na eternidade, o que restaria, nada além da estrita gratuidade, desta fora,
fazendo com que cada qual podendo então fazer o que quiser, sendo impossível a
partir do seu ponto de vista condenar os pontos de vistas alheios tal quais os
seus atos.
2.
O
HOMEM ESTÁ CONDENADO A SER LIVRE, AFIRMA SARTRE. ESTA
AFIRMAÇÃO TEM IMPLICAÇÕES EM VÁRIAS ÁREAS: CONSTRUÇÃO DA PRÓPRIA EXISTÊNCIA, NA
RELAÇÃO COM A SOCIEDADE, NA RELAÇÃO COM DEUS, NA MORAL. COMO SARTRE RESPONDE A
ESTAS QUESTÕES?
2.1. Construção
da própria existência.
Para
Sartre e para o existencialismo ateu, o homem é aquilo que ele faz, ou seja, o
homem se faz e não é nada além disso. O homem existe primeiro, se encontra,
surge no mundo, e se define em seguida, a existência precede e se o homem não é
definível, é porque ele não é, inicialmente nada. Será alguma coisa
posteriormente, e será aquilo que ele se tornar. Assim o primeiro esforço do
existencialismo, segundo Sartre, é o de colocar o homem no domínio do que ele é
e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência.
2.2. Relação
com a sociedade.
A
nossa responsabilidade envolve a humanidade como um todo, porque não somos
responsáveis apenas por si, mas por todos os homens. O ato individual envolve
todos, por exemplo: vou ser operário, escolho um sindicato cristão, em vez do
comunista, se, por essa adesão eu quero indicar que a resignação é, no fundo, a
solução que convém ao homem, e que o reino do homem não se dá nesta terra, não
estou decidindo apenas meu caso particular, mas, quero resignar-me por todos,
consequentemente, minha escolha envolve a humanidade inteira. No caso, eu
escolho casar, com isso estou escolhendo toda a humanidade na prática da
monogamia. Desta forma, sou responsável por mim e por todos, e crio uma
determinada imagem do homem que escolho ser; ao escolher a mim, estou
escolhendo o homem.
Ao
afirmamos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós
se escolhe, mas, queremos dizer também que, escolhendo-se, ele escolhe todos os
homens. Todos os atos que cria o homem que queremos ser, estamos criando uma
imagem do homem como gostaríamos ou julgamos que deva ser. Nossa
responsabilidade é muito maior do que pensamos ser, ela engaja toda a
humanidade.
2.3. Relação
com Deus.
Dostoievski
escrevera: “Se Deus não existisse tudo seria permitido” é este o ponto de
partida do existencialismo. Com efeito tudo é permitido se Deus não existe,
consequentemente o homem encontra se desamparado, pois não encontra nem dentro
nem fora de si mesmo uma possibilidade de agarrar-se a algo. Se com efeito a
existência precede a essência, nunca se poderá recorrer a uma natureza humana
dada e definitiva para explicar alguma coisa; dizendo de outro modo, não existe
determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado se Deus não existe,
não encontraremos a nossa disposição valores ou ordens que legitimem nosso
comportamento. O homem está condenado a ser livre. Ele declara que, mesmo que
Deus não exista, há ao menos um ser cuja existência precede a essência, um ser
que existe antes de poder ser definido por algum conceito, e que tal ser é o
homem ou, como diz Heidegger, a realidade-humana.
2.4. Moral.
Para
Sartre Não existe um moral geral. O existencialista se opõe fortemente a um
certo tipo de moral laica que pretende suprimir Deus pagando o menor preço
possível. Em 1880, quando professores franceses tentaram constituir uma moral
laica, eles disseram mais ou menos o seguinte: Deus é uma hipótese inútil e
custosa, vamos suprimi-la. Porém, para que exista uma moral, uma sociedade, um
mundo que respeite as leis, será necessário que alguns valores sejam levados a
sério e considerados e como existentes a priori. É necessário a priori ser
honesto, não mentir, não bater na mulher, criar filhos, etc. tentaram mostrar
que esses valores existem mesmo assim, inscritos em um céu inteligível, muito
embora por outro lado, Deus não exista.
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