QUESTIONÁRIO DO LIVRO EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO DE JEAN-PAUL SARTE

1.            CITE AS PRINCIPAIS CRÍTICAS AO EXISTENCIALISMO.
O existencialismo foi um grande promotor de críticas, algumas até positivas, mas, outras negativas, principalmente pelos cristãos, comunistas e marxistas.
As primeiras críticas ao existencialismo foram de levar as pessoas, ou de as estimular a um quietismo, assim, levando as pessoas a uma filosofia contemplativa, fazendo-se uma contemplação do luxo, levando a uma filosofia burguesa. Essas são as críticas do comunismo. Foi acusado também de acentuar a ignomínia[1] humana e negar a solidariedade e o lado luminoso da natureza humana, que é a crítica marxista.
Nas críticas cristãs, acusam de negar a realidade e a seriedade dos empreendimentos humanos, já que quando se supre os mandamentos de Deus e os valores inscritos na eternidade, o que restaria, nada além da estrita gratuidade, desta fora, fazendo com que cada qual podendo então fazer o que quiser, sendo impossível a partir do seu ponto de vista condenar os pontos de vistas alheios tal quais os seus atos.
2.            O HOMEM ESTÁ CONDENADO A SER LIVRE, AFIRMA SARTRE. ESTA AFIRMAÇÃO TEM IMPLICAÇÕES EM VÁRIAS ÁREAS: CONSTRUÇÃO DA PRÓPRIA EXISTÊNCIA, NA RELAÇÃO COM A SOCIEDADE, NA RELAÇÃO COM DEUS, NA MORAL. COMO SARTRE RESPONDE A ESTAS QUESTÕES?

2.1.       Construção da própria existência.
Para Sartre e para o existencialismo ateu, o homem é aquilo que ele faz, ou seja, o homem se faz e não é nada além disso. O homem existe primeiro, se encontra, surge no mundo, e se define em seguida, a existência precede e se o homem não é definível, é porque ele não é, inicialmente nada. Será alguma coisa posteriormente, e será aquilo que ele se tornar. Assim o primeiro esforço do existencialismo, segundo Sartre, é o de colocar o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência.
2.2.       Relação com a sociedade.
A nossa responsabilidade envolve a humanidade como um todo, porque não somos responsáveis apenas por si, mas por todos os homens. O ato individual envolve todos, por exemplo: vou ser operário, escolho um sindicato cristão, em vez do comunista, se, por essa adesão eu quero indicar que a resignação é, no fundo, a solução que convém ao homem, e que o reino do homem não se dá nesta terra, não estou decidindo apenas meu caso particular, mas, quero resignar-me por todos, consequentemente, minha escolha envolve a humanidade inteira. No caso, eu escolho casar, com isso estou escolhendo toda a humanidade na prática da monogamia. Desta forma, sou responsável por mim e por todos, e crio uma determinada imagem do homem que escolho ser; ao escolher a mim, estou escolhendo o homem.
Ao afirmamos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se escolhe, mas, queremos dizer também que, escolhendo-se, ele escolhe todos os homens. Todos os atos que cria o homem que queremos ser, estamos criando uma imagem do homem como gostaríamos ou julgamos que deva ser. Nossa responsabilidade é muito maior do que pensamos ser, ela engaja toda a humanidade.
2.3.       Relação com Deus.
Dostoievski escrevera: “Se Deus não existisse tudo seria permitido” é este o ponto de partida do existencialismo. Com efeito tudo é permitido se Deus não existe, consequentemente o homem encontra se desamparado, pois não encontra nem dentro nem fora de si mesmo uma possibilidade de agarrar-se a algo. Se com efeito a existência precede a essência, nunca se poderá recorrer a uma natureza humana dada e definitiva para explicar alguma coisa; dizendo de outro modo, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado se Deus não existe, não encontraremos a nossa disposição valores ou ordens que legitimem nosso comportamento. O homem está condenado a ser livre. Ele declara que, mesmo que Deus não exista, há ao menos um ser cuja existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por algum conceito, e que tal ser é o homem ou, como diz Heidegger, a realidade-humana.
2.4.       Moral.
Para Sartre Não existe um moral geral. O existencialista se opõe fortemente a um certo tipo de moral laica que pretende suprimir Deus pagando o menor preço possível. Em 1880, quando professores franceses tentaram constituir uma moral laica, eles disseram mais ou menos o seguinte: Deus é uma hipótese inútil e custosa, vamos suprimi-la. Porém, para que exista uma moral, uma sociedade, um mundo que respeite as leis, será necessário que alguns valores sejam levados a sério e considerados e como existentes a priori. É necessário a priori ser honesto, não mentir, não bater na mulher, criar filhos, etc. tentaram mostrar que esses valores existem mesmo assim, inscritos em um céu inteligível, muito embora por outro lado, Deus não exista.




[1] Vergonha.

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