Ética em Immanuel Kant

INTRODUÇÃO


Por meio de Kant tem uma expressão ética em uma fase madura na filosofia moderna.
Distinção entre ética antiga e ética moderna: No mundo antigo não se separava a ética da política, entendendo-se conjuntamente a vida privada e a vida pública (na polis). Aristóteles vai dizer que “a felicidade individual é menor que a felicidade coletiva. Portanto, o mais importante é a felicidade da polis” (CARNEIRO). Já na idade média se tem os valores cristãos, onde, a “palavra de Deus” vai determinar o que é justo ou injusto.
A idade média caracteriza-se notadamente pelo domínio dos valores cristão daquela época, os quais apresentam-se naturalmente como valores éticos universais. “A noção de teocentrismo representa bem a universalidade dos valores cristão como critérios para o julgamento da eticidade dos atos” (IDEM).
Na idade média não era necessário se utilizar da “Razão” para estabelecer uma ética, pois, havia a Igreja com determinado poder ideológico que determinava o que era certo ou errado. A própria Igreja interpretava a “palavra de Deus” durante a idade média, era o elemento que permitia todo e qualquer julgamento ético.




2. A TEORIA ÉTICA DE KANT


2.1. Uma ética deontológica

Considera-se que “a ética kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de uma ação reside em si mesma” (RODRIGUES), e não nas suas consequências. Kant defendia que o valor moral das ações depende unicamente da intenção com que são praticadas. Porquê? Porque “sem conhecermos as intenções dos agentes não podemos determinar o valor moral das ações” (IDEM). Na verdade, uma ação pode não ter valor moral apesar de ter boas consequências.
“Quando é que a intenção tem valor moral ou é boa? Quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo dever” (IDEM). O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia. Ex: Não roubar porque esse ato é errado e não porque posso ser castigado. E uma ação com valor moral é uma ação que cumpre o dever por dever. Cumpre o dever sem “segundas intenções”. Deveres como não matar inocentes indefesos, não roubar ou não mentir devem ser cumpridos porque não os respeitar é absolutamente errado.

2.2. Ações conformes ao dever versus ações feitas por dever

“Objetivo desta distinção Defender que o valor moral das ações depende unicamente da intenção com que são praticadas. Mostrar que duas ações podem ter consequências igualmente boas e uma delas não ter valor moral” (RODRIGUES).
Ex: dois comerciantes praticam preços justos e não enganam os clientes. Estão a agir bem? Estão a cumprir o seu dever? Aparentemente sim. Suponhamos que um deles – João – não aumenta os preços apenas porque tem receio de perder clientes. O seu motivo é egoísta: é o receio de perder clientes que o impede de praticar preços injustos. A sua ação é conforme ao dever mas não é feita por dever. Suponhamos agora que o outro comerciante – José – não aumenta os preços por julgar que a sua obrigação moral consiste em agir de forma justa. A sua ação é feita por dever. As duas ações, exteriormente semelhantes, têm a mesma consequência, nenhum deles perde clientes, mas não têm o mesmo valor moral.

2.3. Ações conformes ao dever

“Ações que cumprem o dever não porque é correto fazê-lo mas porque se evita uma má consequência – perder dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma boa consequência - a satisfação de um interesse” (IDEM). João não age por dever. Ex: Não roubar por receio de ser castigado ou praticar preços justos para manter ou aumentar a clientela.

2.4. Ações feitas por dever

“Ações que cumprem o dever porque é correto fazê-lo. O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia” (IDEM). José age por dever. Ex: Não roubar porque esse ato é errado em si mesmo ou praticar preços justos simplesmente porque assim é que deve ser.

2.5. Lei moral e o dever

“Lei que nos diz qual é a forma correta de cumprir o dever. Princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo. Norma geral de natureza puramente racional que exige que a vontade domine as inclinações sensíveis - desejos, interesses e sentimentos – e cumpra o dever de forma pura. Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente correta o dever” (RODRIGUES).

Essa lei nos diz de forma muito geral que devemos em qualquer circunstância cumprir o dever pelo dever. Esta exigência é um imperativo categórico ou absoluto porque não se subordina a condições. Pense em normas morais como “‘não mentir’; ‘não matar’; “Não roubar’” (IDEM). A lei moral, segundo Kant, nos diz como cumprir esses deveres, qual a forma correta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal. Não é uma regra concreta como “não matarás!” mas um princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a mentira.

2.6. Lei moral é um imperativo categórico

O que a lei moral ordena? Cumprir o dever por puro e simples respeito pelo dever; é, para Kant, uma exigência que tem a forma de um imperativo categórico. “Ordena que uma ação boa seja realizada pelo seu valor intrínseco, que seja querida por ser boa em si e não por causa dos seus efeitos ou consequências” (IDEM).

2.7. A teoria ética de kant a boa vontade

Agir moralmente significa agir com a intenção de respeitar exclusivamente a norma geral que me diz que devo praticar apenas as ações que todos os outros possam ter como modelo a seguir e que dado serem puramente desinteressadas tratam os outros como fins e nunca só como meios. “A vontade que decide agir por puro e simples respeito pelo que a lei moral ou imperativo categórico exige tem o nome de boa vontade” (IDEM).

2.8. Vontade autônoma

1. Vontade que cumpre o dever pelo dever. É uma boa vontade.
2. Uma vontade autônoma é uma vontade puramente racional, que faz sua uma lei da razão, que diz a si mesma “eu quero o que a lei moral exige”. Ao agir por dever obedeço à voz da minha razão e nada mais.

2.9. Vontade heterônoma

1. Vontade que não cumpre o dever pelo dever. Não é uma boa vontade.
2. O cumprimento do dever não é motivo suficiente para agir tendo de se invocar razões externas como o receio das consequências, o temor a Deus, etc. A vontade submete-se a autoridades que não a razão.

2.10. E se cumprir o dever de forma absoluta sem outra intenção tiver más consequências?

Kant responde que não é por isso que a ação se torna moralmente errada. O que conta é a intenção. Imaginemos que digo a verdade e isso tem más consequências. Para Kant, o que importa é o modo como cumpro o dever, a intenção, e não o que resulta da ação.




CONCLUSÃO


Na modernidade o teocentrismo é substituído por um antropocentrismo racionalista. O centro passa a ser o ser humano entendido como ser racional. Neste período, “a “Razão” constitui-se como critério universal para o julgamento ético” (IDEM). Mantendo-se assim, o critério universal.
 “Kant formulou sobre base estritamente racional um imperativo categórico, que pretendia caracterizar como critério universal para o julgamento ético. Jean-Jacques Rousseau propôs o estabelecimento do contrato social como solução política para seu tempo, crendo que o esclarecimento racional dos homens solucionaria os conflitos éticos. Kant “Age de uma tal maneira, que esta tua ação, possa ser considerada uma lei universal” Rousseau É necessário estabelecer um pacto, dialogar racionalmente, onde, será possível esclarecer toda e qualquer dúvida sobre os conflitos humanos, por meio do bom senso o homem chegará à posicionamentos que sejam éticos” (CARNEIRO).

É possível perceber que em toda tradição filosófica se tem elementos éticos universais, onde esses elementos servem como critérios para o julgamento ético, em qualquer circunstância ou em qualquer época.




BIBLIOGRAFIA


CARNEIRO, J. C. (s.d.). Introdução à ética na modernidade. Acesso em 18 de Setembro de 2014, disponível em http://pt.slideshare.net/filosofia/laica/introduo-tica-na-modernidade/m0d3rn4


RODRIGUES, L. d. (s.d.). A teoria ética de Kant. Acesso em 19 de Setembro de 2014, disponível em http://pt.slideshare.net/LRSR1/a-teoria-tica-de-k4nt-39469573?qid=f557385d-1dd8-4bcc-a3c7-9c6eabb38dc&v=default&b=&from_search=525


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