Obra de Arte em Hegel


Georg Wilhelm Friedrich Hegel

INTRODUÇÃO

Filho de Georg-Ludwig e de Maria-Magdalena, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, nasceu na cidade de Stuttgart no dia 27 de agosto de 1770. Em 1788, entrou no seminário de teologia protestante de Tübingen. No ano de 1790 obteve o título de magister philosophiae. Foi professor na Universidade de Jena, de Heidelberg e de Humcorsvick. Sua maior obra foi a “Fenomenologia do Espírito (1807). Morreu em Berlim no dia 14 de novembro de 1831.



2. A OBRA DE ARTE EM HEGEL


Hegel assim como Kant, também se dedicou a estudar o belo. Sobre a beleza, ele diz que “a beleza só pode se exprimir na forma, porque ela só é manifestação exterior através do idealismo objetivo do ser vivente e se oferece à nossa intuição e contemplação sensível” (Estética). Hegel meio que concorda com Platão na questão do ideal e do belo. Ele dá uma profunda análise do ideal. Sobre a imitação, Hegel vai falar:
“Considerando a imitação como finalidade da arte, o belo objetivo desaparece. Porque se não tratará então de saber como é aquilo que vai ser imitado, mas sim o que será preciso fazer, como se procederá, para obter uma imitação tão perfeita quanto possível. O objeto e o conteúdo do belo tornam-se indiferentes. E se, apesar de tudo, ainda se continuar a falar, a propósito dos homens, dos animais, das paisagens, das ações, dos caracteres etc., nas diferenças da beleza e da fealdade , estas diferenças não podem de modo algum interessar a uma arte reduzida ao mero trabalho de imitação” (HEGEL, 2000, p.48).

Em Hegel, o belo não é visto por questões das belezas diversas inerentes às variadas manifestações artísticas, mas ele dá como ponto de partida na ideia o belo, de onde provém o conceito, “o belo que interessa Hegel é o ‘belo artístico’ que se origina na produção do homem, excluindo assim o belo natural” (GOMES, 2010, p.1). O belo artístico para Hegel é superior ao natural, é sempre superior, porque o belo artístico é uma produção do espírito, e o espírito é “superior à natureza, sua superioridade se comunica igualmente aos seus produtos, e por conseguinte, à arte” (GOMES apud HEGEL, 2010, p.1).
Todos os conceitos, tanto morais quanto espirituais, estão no ideal, esses conceitos pertencem a natureza humana que são transfiguradas pela imaginação “em formas atribuídas a deuses ou seres superiores a si mesmo” (ESTÉTICA), e essa ideia seria uma tentativa de passar a realidade da vida do dia-a-dia e também projetar para si alguns exemplos a serem seguidos. A beleza para Hegel, funciona como expressão máxima do Ideal. O ideal clássico representa o modo de espírito, que funde-se na beleza, fazendo assim com que se transforme na beleza.
O belo pertence ao plano de imaginação, porque é algo espiritual e para defini-lo como algo espiritual tem que partir de premissas da inexistência material do belo, ou seja, o belo não existe como matéria, é algo metafísico, não há uma realidade física, deste modo, é pertencente a imaginação da pessoa.
O conceito de belo ideal em Hegel é sempre a harmonia entre forma e conteúdo, o conteúdo da arte é sempre absoluto para ele. E o espírito absoluto é concebido, é manifestado através da arte, religião e filosofia, essa manifestação acontece de modo hierárquico. Como diz Gomes em seu artigo “A evolução histórica do conceito de belo na Estética de Hegel”, o ideal é um produto da atividade humana, fenômeno puramente artístico, ou seja, um sol desenhado por uma criança, ele vai ser sempre mais belo que o sol do dia-a-dia, pois esse sol desenhado pela criança é puramente artístico, porque a natureza não possui uma forma ideal, ela não realiza a beleza, ao contrário das pessoas que desenham, esculpem, tocam, cantam, as pessoas produzem arte, é puramente artístico, é belo.
Então para Hegel, o belo é um conceito objetivamente determinado e racionalmente reconhecido. O belo seria a exposição sensível da Ideia nas obras de arte e a obra de arte é “o primeiro elo indeterminado entre o que é meramente exterior, sensível e passageiro e o puro pensar” (FERREIRA, 2011, p.83).

2.1. A arte hoje

Vemos hoje a arte como forma de expressão pura e simples da individualidade, ou seja, cada artista expressa sua arte como queira, não tem uma técnica, não segue um determinado movimento. Se vê estilos
“Absolutamente singular que não quer ser mais em nada um espelho do mundo, mas sim criação de um mundo, o mundo no interior do qual se move o artista e no qual temos permissão para ingressar, mas que de modo algum se impõe a nós como um universo a priori comum” (REZENDE apud FERRY, 2009, p.12).

Tornou-se necessário essa imersão, para se chegar na experiência com a arte, tornou-se necessário meio que entrar nela para assim compreende-la e muitas das vezes não se compreende, tornou-se muito subjetivo.
O que vemos é que não existe uma arte, mas diversas artes e também uma diversidade de artistas, o belo torna-se apenas uma questão de gosto. “Enquanto havia uma diferença entre o artista e o não-artista, ‘entre o artista e o troca-tintas’, hoje essa questão pende pesadamente apenas, nas diferenças individuais.” (REZENDE, 2009, p.13), essa diversidade acabou eliminando o modelo, e sem um modelo, tem o seguimento próprio, cada um faz sua arte de forma individual e todos podem fazer arte.
Como já foi falado da diversidade artística de hoje, junto a ela, há também a diversidade de infinitas intepretações, a obscuridade de uma obra de arte pode parecer belo, exatamente por essa possibilidade de interpretação. É o que torna mais complexo o entendimento da obra, o artista expressa na tela, em uma escultura ou outro meio de expressão artístico, uma ideia, e essa ideia é entendida de diferentes modos, podendo assim, ser pensado coisas que nem mesmo o artista pensou, ou o próprio artista pode não ter pensado nada, o que pode tornar a arte “incompreendida”.
O que não podemos é caracterizar este momento como inferior em qualidade, em relação a outros períodos da época, o que acontece é que o que mudou fora a pretensão da arte. O que se vê é que para muitos artistas de hoje
“A obra vai sendo definida pelos próprios artistas como um prolongamento de si mesmo, um expor de sua subjetividade – que descarta totalmente qualquer objetividade. Nietzsche  dedicou sua estética na afirmação de que o artista deve se afastar do mundo e exprimir sua vida interior. Esse retraimento do mundo se torna, assim, manifesto no mundo contemporâneo, como reflexo da sociabilidade atual” (IDEM).

Então, o que se pode perceber é uma mudança de tempo e um “afetamento” na arte, o mundo mudou e essa mudança afetou também a arte, quando o mundo seculariza, os artistas mudam junto e suas obras também. Nietzsche fala na obra “A Vontade de Potência” que existe interpretações, uma infinidade de mundos e esses mundos parte dos viventes, ou seja, de nós mesmos, Nietzsche vai afirmar que a questão é sempre “o que é para mim”, o que vai significar para mim, então, na obra de arte, se vê o que possa significar para quem está vendo.




CONCLUSÃO


Contudo isso, a arte tem o fim último de revelar a verdade, de representar, Hegel vai dizer que o fim transforma-se numa questão de utilidade, vejamos um pouco mais do pensamento dele:
“Se quiser marcar um fim último à arte, será ele o de revelar a verdade, o de representar, de modo concreto e figurado, aquilo que agita a alma humana. Este fim é também o da história, da religião etc. A propósito se dirá que a questão do fim último implica muitas das vezes a falsa concepção de que o fim existiria em si e a arte teria para com ele função de um meio. Assim entendida, a questão do fim e transforma-se numa questão de utilidade. [...] Dizer que o fim de arte está na moralidade é formular uma definição vulgar, superficial, vaga, mas, em todo caso, com algum sentido” (HEGEL, 2000, p.79).

Entendendo a questão da arte como questão de utilidade, vemos também que tem o belo e o espírito, Hegel vai dizer que “o belo serve para deleitar a vista e o espírito, para evocar sentimentos, para oferecer apaziguamento” (IDEM, p.81). Kant fala dessa redução do belo ao agradável, ele vai falar que era preciso transpor, tanto na concepção quanto da definição do belo, os domínios do sentimento puro e simples. 


BIBLIOGRAFIA


Estética. Disponível em pt.wikipedia.org/wik/Estética, acesso em 31/08/2014.

FERREIRA, G. P. “O conceito de belo em geral na estética de Hegel”. In Lable 13(2011), São João del-Rei, p.81-90.

GOMES, G. A. A evolução histórica do conceito de belo na estética de Hegel, 2010. Disponível em http//pensamentoextemporaneo.wordpress.com/2010/11/18/a-evolucao-historica-do-conceito-de-belo-na-estetica-de-hegel, acesso em 31/08/2014.

HEGEL, G. W. Estética; A ideia e o ideal. In Os pensadores. (Trad). Orlando Vitorino. São Paulo: Nova Cultura. 2000.

REZENDE, C. C. “O momento hegeliano da estética”. In Kíneses 1(2009), São Paulo, p.12-21.

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