Quando se analisa um
texto se preocupa como ele está estruturado, os elementos que o autor utilizou
para que o texto possa ser interpretado de forma correta.
Relato da narração
da criação.
Autor: Sacerdotal.
Data: exílio da
Babilônia (589-540 d.C.).
Estrutura literária:
1. moldura literária: criar, Deus, céu, terra.
2. formula de abertura: e Deus disse.
3. fechamento: 1º, 2º, 3º... dia.
Objetivo: crítica
sócio-política-religiosa ao sistema escravagista babilônico.
Fonte: poema
babilônico "Enuma Elish" -
mito da criação.
O pessimismo que
está presente no poema Enuma Elish á um
pessimismo muito grande, e na narração da criação em Genesis, é uma forma de
protesto a favor da libertação do povo que estava na escravidão dos
babilônicos.
Onde as coisas e o
homem foram criados pelo cadáver de Tiamat,
deusa mãe de todos os deuses, em Genesis, o homem é feito pelo próprio Deus, um
Deus vivo e que gera a vida.
Narração Javista - Segunda narração da criação
Período monárquico.
Texto escrito num
contexto da monarquia judaica.
Texto é escrito a
partir de narrações míticas.
Utiliza de
literaturas pagãs, tirando o mito e lendo a partir da fé ao Deus único.
Estrutura literária:
4b-6: antecedentes
circunstanciais – informam a situação do mundo antes que Deus formasse o homem.
Isenção de wayyiqtol (verbo finito principal) que indica o nível principal da
narração.
7-8: sub-perícope
delimitada pelo verbo ysr (modelar). O sujeito principal das ações (modelar,
soprar, plantar, por) é Deus. O homem é objeto da ação divina. O jardim é
plantado para dar condições à vida do homem – indica o aspecto providencial de
Deus.
9: informação sobre
a situação do jardim no momento da formação do homem: frutífero;
a presença de duas árvores.
10-14: interpolação
com informações fluvio-geográficas: o rio e seus quatro braços – uma alusão ao
delta do Nilo e à Babilônia (Tigre e Eufrates)– duas grandes potências do mundo
antigo. Pelo que indica, o texto foi escrito numa época em que Israel mantinha
boa diplomacia com essas nações. Os vs. parecem interromper o fluxo da
narração.
15-16: informações
sobre a função do homem dentro do jardim - cultivar e guardar. Instruções
divinas ao homem sobre como se comportar em relação às arvores: pode comer
(todas as árvores); não pode comer (árvore do conhecimento do bem e do mal)>
primeira Torah: administrar a criação e respeitar seus limites.
18-20: sub-perícope
construída em torno do termo “auxiliar” (lit. “alguém que lhe esteja em
frente”). Indica a necessidade do homem de haver à sua frente alguém que lhe
seja semelhante. Os animais criados não lhe são suficientes.
21-22: “construção
da Mulher”: sono de Adão e retirada de uma costela > Eva é feita de uma
parte de Adão.
23: estupor de Adão
diante da Mulher – reconhece nela parte de si: “mulher, pois do homem foi
tirada”.
24: conclusão do
javista: explicação sobre o matrimônio.
25: conclusão do
relato > homem e mulher nus, sem sentir vergonha: indica o ambiente
harmônico e perfeito do Éden. Ideia contrastante com o início do relato = caos
(terra desprovida de vegetação e chuva, lugar inóspito, sem a mínima condição
de sobrevivência).
Considerações sobre a perícope:
A tradição javista é
mais antiga que a tradição sacerdotal (Gn 1) e compreende as histórias da
criação, da queda e das consequências do pecado de Adão e Eva, a saber, a
história de Abel e Caim e o primeiro homicídio; o dilúvio; a Torre de Babel.
A história da
Criação javista se destaca pelo colorido das cenas e pela dramaticidade das
ações. Aqui Deus se apresenta como um homem que planta com as próprias mãos um
jardim e trabalha com as mãos o barro (= oleiro) para dele tirar sua
obra-prima, o homem. Chamamos antropomorfismo esse artifício literário.
De particular, em
relação à narração sacerdotal da criação, podemos notar:
- O nome de Deus: IHWH ELOHIM (trad: O Senhor Deus)– em Gn 1, apenas ELOHIM (Deus).
- O verbo usado para indicar a ação criadora de Deus: FAZER (עֲשׂ֛וֹת / עָשָׂה ‘asah) enquanto em Gn 1 temos CRIAR (בָּרָ֣א / bara’).
- Deus usa das mãos para trabalhar: plantar e modelar o barro; em Gn 1 usa da palavra: “E Deus disse... e assim se fez”.
- Pré-anúncio do pecado: “Não coma do fruto da árvore da ciência do bem e do mal”.
- A criação do homem (אָדָם = Adão: Terra/ adamah) precede a criação da mulher (אִשָּׁ֔ה ). Em Gn 1, Deus cria o ser humano completo: Homem e Mulher.
- A nudez simboliza dependência de Deus e inocência. Somente em um ambiente onde não há pecado/maldade/malícia se pode viver naturalmente. Deus reveste o homem e a mulher de dignidade quando lhes confecciona uma vestimenta de couro, em lugar daquela de folha improvisada pelo casal desobediente, que se viu nu.
A versão sacerdotal
da criação escrita na babilônia quando o grupo de sacerdotes começam a dar a
formula do pentateuco que é hoje.
A história javista
que começa com a história da criação, passa a falar do pecado, e depois conta
três fatos para descrever as consequências do pecado, que é o homicídio o
dilúvio e a destruição da torre de Babel.
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