Origem da história de Israel

Estrutura do livro de Genesis:
Gn 1-11: a origem do universo; do homem; do pecado; Abel e Caim e o primeiro homicídio; o Dilúvio; a Torre de Babel (Pré-História de Israel).
Gn 12-50: a origem e a história de Israel: do chamado de Abraão até a história de José (os Patriarcas).

Temas teológicos:
A bondade ontológica da criação.
A dimensão criadora da Palavra (dabor divino/logos)
O homem, o chão, a terra e o povo.
A fragilidade do barro e amor gratuito de Deus.
O homem e a mulher: imagem e semelhança de Deus.
A precedência dos humildes: Abel ao invés de Caim; Noé ao invés do resto da humanidade; Abração; Isaac ao invés de Esaú; José ao invés de seus irmãos.
As alianças com Abraão: garantia de que as promessas serão cumpridas.
Um retrato da vida no mundo oriental antigo: vida tribal e seus conflitos; conflitos familiares; acordos matrimoniais; relações comerciais, etc.

Todos os personagens da Bíblia, os patriarcas pré-Abraão não são pessoas cheias de dom, são os mais fracos, de modo que se sobressaia a grandiosidade de Deus.

Estrutura literária:
Elementos textuais (gramática: Sintaxe -> oração, frase; morfologia -> palavra; fonética -> sons das palavras).
Poesia = rima, refrão, estrofe.
A primeira coisa que se tem que levar em conta do texto, é a moldura literária. (4a e 4b - criar/fazer, Deus/Senhor Deus, terra e céu/céu e terra).

Quanto mais conhecimento se tem, mais se consegue descobrir do texto

As estrofes do poema estão divididas por meio da formula de abertura e formula de encerramento.
E Deus disse... --> formula de abertura
Houve uma tarde e uma manhã: dia... --> formula de encerramento.


I- 3-5:Criação da Luz = primeira condição: sem luz não é possível a existência dos astros que iluminarão o dia e a noite, que serão criados no quarto dia.

II- 6-8:Criação do Firmamento = separação das águas; criação da abóboda celeste: condição para que precipite as chuvas e existam as aves.

III – 9-13: Dia dividido em duas partes (Deus disse... 2x):
- 9-10: criação do continente e separação da terra seca das águas = terra e mar: condição para que Deus chame à existência o mundo vegetal, os animais terrestres e os aquáticos. 
- 11-13: criação do mundo vegetal, possível porque Deus anteriormente separou a terra das águas. Os vegetais, nessa primeira fase da história, são os únicos alimentos permitidos por Deus, daí a necessidade de criá-los antes de qualquer ser que deverá se alimentar.

IV- 14-19: Criação dos dois luzeiros (= Sol e Lua - não nominados aqui para não confundi-los com divindades como de costume entre os antigos: os dois astros, apesar da magnificência, não passam de meras criaturas divinas).

V- 20-23: Criação dos seres aquáticos (peixes, monstros marinhos) e das aves. A esse ponto, todas as condições para que esses seres existam já foram criadas. Deus os abençoa e lhes ordena a fecundidade e multiplicação.

VI- 24-31: Divisão em duas partes (= parte III):
24-25: criação dos animais terrestres: domésticos, repteis e selvagens.
26ss: criação do ser humano ( = homem e mulher): percebe-se a mudança de vocabulários (verbo fazer, no lugar de criar), sintaxe (o verbo deliberativo está no plural, mesmo sabendo que o sujeito é um só – interpretações: plural majestático; plural deliberativo; plural de intensidade: realmente desejamos fazer...), tais mudanças pretendem chamar a atenção do leitor para algo totalmente novo no projeto criativo de Deus: o ser humano é o último ser a ser criado, pois todas as condições para sua existência já foram atendidas. Dessa forma, o autor nos apresenta a criação do homem e da mulher como coroamento de toda obra da criação. Ele é a sua imagem (צֶ֫לֶם = semelhança física) e semelhança (דלְמָם = abertura à comunicação com Deus e à sua graça: capacidade de agir como Deus); Deus os abençoa e os torna fecundos, incumbindo-os de submeter a terra e dominar sobre todos os seres criados. Deus dá ao ser humano e aos animais os vegetais por alimentos (=providencia). Se até agora o autor nos informa que tudo o que Deus tinha criado era BOM, na conclusão de sua narração nos diz que tudo era MUITO BOM = tudo estava concluído com perfeição extraordinária.

2,1-3: Informação sobre o sétimo dia: Toda a obra divina fora concluída, diante da maravilha criada Deus abençoa tudo e depois descansa.    

+ 2,4a: Moldura literária // 1,1: Verbo CRIAR (passivo teológico) + Céu e Terra: sujeito da ação, DEUS.

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