Cristologia pós-Bíblia - século I e II


Histórico-dogmático
Séc. I e II
  • Palavra
  • Tradições
  • Evangelhos
  • Templo
Séculos I e II - passagem do mundo judaico-cristão para uma cultura grega (helenismo).
Há um encontro do pensamento judaico-cristão com o mundo grego, há uma helenização.
Posturas que influenciaram diretamente no pensamento cristão.
  • Gnosticismo: Gnose --> conhecimento.
    • Espirituais/Espírito;
  • Dicotomia entre Espírito e matéria;
  • Cristologia Logos-sarx (carne).

A grande preocupação do mundo gnóstico é o conhecimento.
A dicotomia entre espírito e matéria influencia as sagradas escrituras, como o Evangelho de são João por exemplo.
O grande embate que os escritores sagrados têm, é de combater o pensamento gnóstico.
O que está por trás desse pensamento gnóstico é a negação da encarnação do verbo, e segundo essa linha, o Espírito não pode se materializar, pois ele é puro, o Verbo, a Palavra e o Espírito é absoluto, enquanto a matéria não.
Os primeiros pensamentos e heresias que surgem é no âmbito gnóstico.

O grande problema dos primeiros séculos é o problema de linguagem, pois a dificuldade e a má interpretação dos termos.

Cristologia de Antioquena
Uma escola que aparece para explicar a encarnação e assim ajudar a Igreja.
  • Santo Inácio de Antioquia - "Jesus Cristo antes dos séculos estava com o Pai e nos últimos tempos se manifestou".
Santo Inácio já estabelece a identidade do Logos e na pessoa (Filho de Deus que se torna visível), traz a identidade do Verbo divino e da Pessoa encarnada.
Tenta resguardar a dignidade da divindade, é o mesmo, o Verbo de Deus e o Filho encarnado.

  • O pensamento gnóstico tenta afirmar que a humanidade de Cristo não tem verdadeiro valor, pois o corpo que Cristo assumiu foi apenas para realizar sua obra, mas  não tem valor.
  • Docetismo - é fruto do pensamento gnóstico, e essa linha diz que toda a humanidade e vida histórica de jesus tem valor enquanto de aparência, pois é impossível o Verbo de Deus sofrer, sentir dor, já que ele é Espírito. Desta forma, o que Cristo histórico viveu não foi real, foi apenas aparência.
  • Marcionismo - estabelece uma divisão dos dois Testamentos, enquanto o Deus do AT é um Deus que não se preocupa com a humanidade, é um Deus ausente, o do NT é um Deus que está presente e se preocupa com a humanidade.

A intenção de Santo Inácio é de salvaguardar a intenção do Verbo, ele é Deus enquanto Verbo encarnado, mas esse Verbo é ele mesmo que se encarnou, sendo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.

Cristologia de Justino
O conceito de Justino tem de Deus manifesta sua forte inclinação para a filosofia platônica.
  • Deus não tem princípio, por isso é inefável e sem nome.
  • Teologia Apofática (Negativa/Liberal) - Teologia da qual nada se pode dizer sobre Deus.
  • Teologia Catafática (Positiva/Dialética) - Teologia da qual se pode falar de Deus e podemos conhece-Lo.
Justino nega a onipresença substancial de Deus.

Em Deus Justino admite 2 pessoas - o Pai e o Filho (Logos).
De alguma forma existe uma relação entre Deus e o mundo, e esse é o papel do Logos, que exerce a função de mediador entre Deus Pai e o mundo.
Deus não se comunica com o mundo e não se revela a ele se não através do Logos.
Mas o Logos não é o Mesmo que Deus. Esse erro de Justino é conhecido como subordinação, ou seja, de alguma forma o Logos é inferior a Deus, e sua função é de apenas estabelecer a relação entre Deus e suas criaturas.

Com esse pensamento surge o subordinacionismo, que vai influenciar Ário e a futura heresia ariana.

A criação do Verbo é a criação do mundo, mas o verbo não preexiste, pois ele vive em função da criatura.
O Logos é pessoa divina, só que é subordinada ao Pai.

Cristologia de Irineu
A primeira tentativa de compreender a relação entre o Pai e o Filho de uma maneira especulativa: "Assim, por meio do Filho que está no Pai e que tem em si o Pai, manifestou-se o Deus que é, o Pai dando testemunho ao Filho e o Filho anunciando o Pai" (Adv Haer).

Não há em Irineu a separação entre humanidade e divindade, e não há a separação do Pai com o Filho.

O ponto central de toda a cristologia de Irineu está na teoria da recapitulação, que por sua vez possui sua gênesis em São Paulo. Contudo, foi o Bispo de Lion quem a desenvolveu consideravelmente. Para Irineu, recapitulação é resumir todas as coisas no Cristo desde o princípio dos tempos.

Irineu afirma que mesmo se o homem não pecasse, o Verbo iria se encarnar da mesma forma.

Deus refaz seu plano de salvar a humanidade, que havia sido prejudicado pela queda de Adão, mas que é retomado desde o princípio a fim de renovar, restaurar e reorganizar toda a criação em seu Filho encarnado, que a partir daí se converte para nós em segundo Adão. Com  queda do primeiro homem toda a natureza humana se viu decaída, foi preciso que o Filho de Deus se fizesse homem para realizar como tal uma nova criação da humanidade.

A cristologia de Santo Irineu é Christos-Anthropos --> Verbo-Homem.

Cristologia Adocionista
É tradicionalmente considerado uma heresia de tipo judaico e relacionada com o ebionismo (nega a vida histórica de Cristo é inexistente). Pois, como os judeus, os adocionistas não reconheciam a divindade de Cristo e o reduziam à simples homem. A partir do batismo no Jordão, quando então o Espírito Divino desde em forma de pomba, ele começa a anunciar o Pai e a operar prodígios.

Os poderes de Cristo foi recebido no batismo, onde Deus da sua potência para poder realizar suas ações miraculosas, isso porque no momento do batismo Cristo fora adotado por Deus e consequentemente recebeu uma força vinda de Deus.
Cristo não é Deus, mas sim, recebeu a potência de Deus para realizar ações divinas.

Tertuliano
Pela primeira vez é encontrado a expressão trindade.
Tertuliano explica a compatibilidade entre a unidade e a trindade ao recorrer à unidade dos três em sua substancia e em sua origem.
"Unidade em uma Trindade, colocando em sua ordem as três Pessoas - o Pai, o Filho e o Espírito Santo: três, contudo não em substância, mas em forma; não em poder, mas em aspecto" (Adv Praexen).

A segunda pessoa da Santíssima Trindade é distinta do Pai, embora sendo o mesmo Deus. Não é o mesmo Pai, porém o mesmo Deus.

Foi o primeiro a empregar o termo persona.
Declara ainda que o Logos é um outro em relação ao Pai, ou seja, no sentido de persona, não de substancia. De modo que há uma clara distinção entre Eles, mas não divisão.

É Pessoa, distinto do Pai e do Espírito. Em Deus é um, mas em Persona são três.

Para Tertuliano, o Verbo não existe desde sempre com o Pai, ele vai se gerando, na medida em que Deus vai criado o mundo.
A cristologia dos primeiros séculos fala da criação pro geração e não por criação.
A primeira geração do Pai é o Filho, esse é  problema, pois, não há uma eternidade no Verbo, pois, ele é gerado num determinado momento.
O Filho não é eterno. Ainda que o Logos seja res et persona antes da criação do mundo per subsistiae proprie atem... O pai é todo substancia, enquanto o Filho é uma emanação e porção do todo, com Ele mesmo confessa, porque o Pai é maior do que eu (Jo 14,28).
Existe uma natureza divina que envolve as três pessoas, só que não é no mesmo gral do Pai, não é eterno.

Orígenes
É mérito de Orígenes ter enriquecido a teologia grega, sobretudo a cristologia, com os termos physis (natureza), hypostasis (pessoa), ousia (substância), homoousios (mesma substancia), theanthropos (Deus feito Homem).
O Pai é ser absoluto e incompreensível, mas que se faz compreensível por meio do Logos, que é Cristo,

É o Filho que procede do Pai, não por um processo de divisão, mas da mesma maneira que a vontade proceda da razão, ou seja, por um ato espiritual.
Quando Deus se encarna ele não deia de ser Deus, não perde sua substância, da mesma forma, o Verbo encarnado não perde nada, não deixa de ser Deus, não há uma divisão.
Explica a encarnação de Deus para dizer que de fato ela acontece de fato, mas ela não diminui a divindade de Deus.

Em Deus tudo é eterno, inclusive o ato de geração do Filho: "geração".
Pela mesma razão o Filho não tem princípio, e,  não teve um tempo em que ele não existisse.
Esta noção de geração eterna, tendo o Pai como princípio, como "fonte da divindade" evita o triteísmo.

O verbo de Deus é gerado pelo Pai e é gerado eternamente, e Ele tem uma função no mundo.

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